Aos poucos, Clara (Giovanna Antonelli) vai entendendo mais sobre ser sexualmente diferenciada e o que gostar de Xenônio + Rênio + Cálcio (consultem a tabela) significa nos dias de hoje. Então no capítulo de hoje de “Em Clarina”, ela deixa isso claro em uma conversa com Virgílio (Humberto Martins), que finalmente vai saber também que Clara ama a Marina, enquanto a Marina continua sem saber.
Os dois conversam sobre a reação do homem com a maior paciência do mundo todinho ao casamento que ninguém quer saber de Luiza (Bruna Marquezine) com Laerte (Gabriel Braga Nunes).
- Por que não deixam ela viver esse pedido pra levar surra de flauta?
Ela quer tanto! E ninguém pode garantir que ela não vai conseguir.
- O problema não é a surra de flauta e sim ela ser enterrada viva. O
histórico prova isso.
- O histórico não prova nada! Quem pode garantir que os erros se repetem
sempre? Ou quem pode garantir que as pessoas não mudem, sejam sempre iguais,
ano após ano? Nesse caso são mais de vinte anos! Se a Helena mudou e está mais
chata do que era e ainda parece irmã da nossa mãe e no começo da 3ª fase da
novela as pessoas confundiam achando que eu e o Felipe éramos filhos dela, não
irmãos e que a minha mãe era irmã dela e a Juliana era a irmã caçula, deixando
o cérebro de todo mundo bugado quando descobriam o real parentensco, se você
mudou e está mais bobão do que já era e tem essa cicatriz que anda mais do que
carteiro, porque o Laerte ficou igual ou piorou? Ele tem aquela cara de
psicopata, mas ninguém pode garantir que ao invés de enterrar a Luiza viva, ele aprendeu
com seus erros, e vai enterrá-la morta para a alegria geral da nação.
Eles se olham e ela faz um desabafo, porque falar dos seus sentimentos
até para a revendedora Jequiti no dia que a revendedora na Natura não passou
pode, mas para a Marina não.
- Eu sei o que estou falando, na realidade todos os núcleos da novela,
assim como quem assiste a novela sabe. Talvez eu seja a pessoa que mais tenha
mudado em toda a nossa família. Desde que eu disse aquele “chegay” no começo da
3º fase da novela, minha vida nunca mais foi a mesma. Todos me olham, muitas
vezes, como se eu fosse uma vergonha para a família brasileira. E por que? Por que
eu me interessei pela galã da novela. Algumas pessoas me aceitam, leiam-se o
fandom Clarina que quer mais que eu exploda a porta do Itatiaia, já subiram
tanta tag no twitter me encorajando que eu já pedir até as contas, outras como
as moças desconhecidas que parei na praia um tempo atrás quando eu perguntava
para as mulheres se elas já tiveram experiência com alguma mulher, me admiram e
me invejam. Juliana mandou eu chutar o balde e virou até rainha do fandom Clarina,
por que diferente da sua mulher que traiu o movimento na cara dura, ela deu conselhos
sensatos, mas sensatez e Clara na mesma frase não combinam. Mas tem muita gente
que está pronta para me dar uma surra de flauta, leia-se o Cadu que vive
trancando a porta do meu armário de sucupira com cadeado de chumbo. Cancelou
nossa conta da Netflix e agora vou ver com a Ju se ela me empresta a dela para
que eu possa assistir a segunda temporada que Orange is the new Black que
começa logo mais. E tem mais! Ele deu todos os meus Cds na Maria Gadu para o
Ivan colocar no aro da bicicleta laranjinha do Itaú dele. Outro dia eu estava
lendo os comentários do Gshow, e depois de limpar meus olhos que sangraram
tanto com os milhares de erros de português e caps lock, uma mulher falou que
uma mulher amar a outra, sexualmente, é pecar contra a natureza humana. Um homem
e uma mulher formam um par, mesmo que eles sejam infelizes, mesmo que o homem
de uma surra de piano na mulher, eles formam um par e tem que ficar casados
para todo o sempre, amém. Duas mulheres ou dois homens formam uma dupla imoral,
mesmo que eles se amem, mesmo que eles sejam felizes, mesmo que eles adotem
crianças que um casal formado por um homem e uma mulher jamais adotariam.
Péssimo exemplo para a juventude. Por que ver cena de sexo pode, ver cena de
agressão pode, ver cena de estupro também pode, mas ver um casal de pessoas do
mesmo sexo que se amam não pode.
- Mas eu nunca pensei assim, pelo contrário, preferia que a Luiza fosse
sexualmente diferenciada do que noiva do Laerte.
- Eu sei. No seu caso qualquer pai e mãe pensaria a mesma coisa, mas se
for perguntar em famílias que não tem filhas ingratas que ficam noiva do homem
que enterrou o pai vivo, eles vão dizer que aceitam, o filho dos outros, mas
se perguntarem se gostaria de ter um filho homossexual, eles fazem logo a cara
de família brasileira e falam: “Ah não! Meu filho, não”.
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